Para atender o programa automotivo Rota 2030 e à legislação brasileira, a nova geração de veículos nacionais será mais equipada e sofisticada. Além disso, serão menos poluentes e mais econômicos, porém, tudo tem um preço e com isso ficarão mais caros.
Os automóveis que serão produzidos no Brasil no ano de 2020, terão obrigatoriamente itens tecnológicos que vão aproximá-los mais dos modelos globais. Para atender à legislação e ao programa automotivo Rota 2030, a nova geração de veículos será mais equipada e sofisticada. A produção dos chamados carros "populares", aqueles mais simples e mais baratos, hoje classificados como "de entrada", será reduzida ainda mais porque a alta tecnologia encarecerá os preços.
O segmento "de entrada" já vem encolhendo gradualmente. Hoje em dia participa com apenas 11,5%, enquanto em 2000, representava 50% das vendas de automóveis no País. Estão nessa classificação, feita pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) modelos como Chery QQ, Renault Kwid, Volkswagen Gol, Fiat Mobi e Toyota Etios, que custam entre R$ 27,5 mil e R$ 50 mil.
Ao receberem mais sistemas de segurança, conectividade e de melhorias da eficiência energética, os carros vão ficar mais caros. Em 2014, quando passou a ser obrigatória a instalação de airbag frontal e freio ABS, os preços dos carros subiram entre R$ 1 mil e RS 1,5 mil.
Para o presidente e CEO da Volkswagen do Brasil, Pablo Di Si, "o carro popular não vai desaparecer, mas o segmento vai encolher". Segundo ele, os próximos lançamentos da marca serão de modelos de segmento superior, como utilitários-esportivos (SUV) e intermediários entre carros de passeio e utilitários (CUV). "Esses segmentos são os que mais crescem no Brasil e no mundo", afirma Di Si.
Segundo balanço do Dpvat - o seguro obrigatório para acidentes de trânsito -, no ano passado 42 mil pessoas morreram no País em acidentes. A instalação de novos itens de segurança deve ajudar a reduzir acidentes e a evitar ferimentos nos ocupantes.
A partir de 2021 até 2030, todos os carros que forem lançados nesse meio tempo terão que vir já com itens de série obrigatoriamente, estão na lista as estruturas reforçadas ou airbags laterais para reduzir riscos de ferimentos em batidas laterais, controle de estabilidade eletrônico (ESC, na sigla em inglês) - que corrige a trajetória do veículo em caso de perda de aderência dos pneus em curvas ou em desvios bruscos - e aviso de cinto desafivelado. Em 2018, as empresas automobilísticas começaram a instalar em modelos novos o Isofix para fixar cadeirinhas de bebês e cinto de três pontos em todos os bancos do automóvel. A instalação desses sistemas vai exigir aumento de importação, pois muitos deles, em especial os eletrônicos, não são produzidos no País, o que reduzirá o índice de nacionalização dos carros brasileiros.
Lucas Nascimento
Jornalista
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